A ação do Federal Reserve vai muito além de um ajuste de política — a 11 de dezembro, anunciaram a remoção do limite total de operações de recompra de rotina. Em outras palavras, eliminaram diretamente aquela que era uma "válvula de segurança".

O quadro anterior era assim: estabelecia-se um limite máximo total, garantindo um "teto" de liquidez. Agora, não é mais assim. Os contrapartes elegíveis podem declarar até 40 bilhões de dólares por operação, sem limite total — isso é o que chamamos de "munição ilimitada".

**Por que o Federal Reserve de repente decidiu fazer isso?**

A declaração de Powell foi bastante honesta: "As operações de recompra de rotina são uma ferramenta-chave para manter o intervalo da taxa de fundos federais quando há aumento na pressão do mercado de dinheiro." Uma postura defensiva que não poderia ser mais clara. A história vai se repetir? A lição de 2019 ainda está presente — o mercado de recompra dos EUA quebrou, a taxa overnight disparou para 10%, e o Federal Reserve ficou sem saber o que fazer. Desta vez, eles estão se preparando com antecedência.

Como está a situação agora? Os saldos de reservas dos bancos nos EUA caíram por oito semanas consecutivas abaixo de 3 trilhões de dólares. O volume de operações de recompra reversa já se aproxima dos níveis de 2019. Encerramentos de ano, requisitos regulatórios, aumento das taxas de financiamento — esses fatores, somados, tornam a liquidez apertada, e não é alarmismo. O Federal Reserve decidiu equipar-se com uma "fúria ilimitada"; ao invés de esperar uma crise e ficar desorganizado, preferem abrir a comporta da liquidez com antecedência.

O que isso significa para o mercado? A curto prazo, a pressão de financiamento para as instituições financeiras deve aliviar. A longo prazo, a mudança de "limites" para "ilimitado" reflete uma reavaliação da estabilidade financeira pelo Federal Reserve — eles acreditam que o risco já é suficiente para justificar essa abordagem.