
Um mercado centralizado consiste numa plataforma de negociação sob controlo de uma entidade única ou autoridade central, que gere, supervisiona e facilita as transações entre compradores e vendedores. No contexto das criptomoedas, as exchanges centralizadas (CEXs) representam a tipologia mais comum de mercados centralizados, como a Binance, a Coinbase e outras. Estas plataformas oferecem interfaces intuitivas, transações rápidas e grande liquidez. Assumem funções essenciais como a custódia de ativos, correspondência de ordens e definição de preços. Ao contrário dos mercados descentralizados, os operadores da plataforma controlam todas as operações e decisões nos mercados centralizados, exigindo que os utilizadores depositem os seus ativos na plataforma para realizar negociações.
Os mercados centralizados distinguem-se por características únicas e pela sua posição no ecossistema das criptomoedas:
Controlo centralizado: Uma entidade gere todas as atividades de negociação, custódia de ativos e operações da plataforma, detendo autoridade decisória total.
Serviços de custódia: Os utilizadores depositam os seus criptoativos em carteiras geridas pela plataforma, o que origina a situação “não são as tuas chaves, não são as tuas moedas” (“not your keys, not your coins”).
Requisitos KYC/AML: A maioria das exchanges centralizadas aplica processos rigorosos de verificação de identidade e prevenção do branqueamento de capitais, em conformidade com a regulamentação vigente em diferentes jurisdições.
Elevada eficiência transacional: Os sistemas centralizados de livro de ordens permitem execução de ordens em milissegundos e negociação de alta frequência.
Diversidade de pares de negociação: Disponibilizam uma vasta gama de pares de negociação e produtos financeiros, incluindo portais de moeda fiat, opções, futuros e negociação alavancada.
Apoio ao cliente: Equipas especializadas fornecem assistência relacionada com contas, negociações e fundos.
Bases de dados centralizadas: Informação dos utilizadores, dados de transações e saldos de fundos são armazenados em servidores centrais, e não em sistemas distribuídos.
Os mercados centralizados provocaram mudanças profundas na indústria das criptomoedas, impulsionando o desenvolvimento do mercado e trazendo novos desafios:
As exchanges centralizadas mantêm o controlo da maioria do volume de negociação de criptomoedas, com cerca de 80% das transações cripto globais a ocorrerem nestas plataformas. Proporcionam liquidez fundamental e referências de preços essenciais para a estabilidade global do ecossistema cripto.
Estes mercados atuam como ponte para a adoção generalizada. Para os iniciantes no universo cripto, as exchanges centralizadas oferecem uma experiência semelhante à dos serviços financeiros tradicionais, reduzindo as barreiras de entrada. Geralmente apresentam portais de moeda fiat, facilitando o acesso de capitais tradicionais aos mercados cripto.
As principais exchanges centralizadas desempenham ainda um papel relevante na seleção de projetos e controlo de qualidade. O facto de um projeto cripto ser listado numa exchange de referência é frequentemente interpretado como um sinal de reconhecimento do mercado, aumentando significativamente a visibilidade e a liquidez do projeto. Este efeito de listagem exerce influência relevante no mercado.
Apesar da predominância, os mercados centralizados enfrentam riscos e desafios estruturais:
Risco de ponto único de falha: A centralização torna estas plataformas vulneráveis a ciberataques, com vários incidentes históricos, como o caso Mt.Gox e o ataque à Bitfinex.
Riscos de custódia: Os ativos dos utilizadores sob gestão da plataforma estão expostos a riscos de apropriação indevida, bloqueio ou perda em caso de insolvência, como ilustrado pelo colapso da FTX.
Incerteza regulatória: A evolução das políticas regulatórias pode impor exigências súbitas de conformidade ou obrigar à saída de certos mercados.
Falta de transparência: As exchanges centralizadas não disponibilizam informação clara sobre reservas de ativos, volumes de negociação e estado financeiro, dificultando a verificação do estado operacional pelos utilizadores.
Questões de privacidade: Processos KYC e recolha de dados podem originar riscos de divulgação ou utilização indevida de dados sensíveis dos utilizadores.
Manipulação de mercado: Algumas exchanges praticam volumes de negociação fictícios, “front-running” ou outras formas de manipulação de mercado.
Embora apresentem vantagens em termos de usabilidade, conformidade regulatória e liquidez, os mercados centralizados entram em conflito com a filosofia de descentralização da tecnologia blockchain. O setor explora soluções para equilibrar a eficiência centralizada com a segurança descentralizada. Exemplos incluem a melhoria da governação on-chain, mecanismos de transparência e modelos híbridos de negociação.


